Companhia

 É tão estranho estar num lugar instável. É muito estranho não saber o que esperar a cada abrir de boca. A quebra de expectativa que vem com a reação de cada ato, o tato que é ardiloso e engraxento, como fundo de lago. Barroso e escuro, é assim que vejo o futuro ao teu lado, ou perto de ti. Talvez eu até me esforce, cerre os olhos e tente enxergar o que o amanhã nos reserva, mas eu falho, porque sou humano e, ao teu lado é humanamente impossível pressentir algo, quanto mais o futuro. Contigo eu vivo no escuro e é tudo assim, a queima roupa. Pena não ser morcego, pr’além de enxergar no escuro eu poderia bater asas, pra longe, na noite com a lua minguante, até eu ver o raiar do dia. A luz natural, sem ser a que brilha quando a pólvora sai num arrombo de vida. De ti.


Nika Pereira                                                                                                    

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