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Edinei - registro.

Me impressiona que Você tenha usado todo esse dinheiro e esforço para construir muralhas em torno de si,  a ponto Di ficar tão centralizado nesse espaço Que também se torna o único  alvo Sendo assim,  mais um homem a morrer só. Rosa Nika, ao falar da minha travestilidade você me permite falar do seu jeito tosco, e do seu escolher marrom. que mantenhamos tudo isso; em famíglia.

o que eu espero de julho

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sempre temos que pensar a frente, e como já dito por aqui, eu mesmo vivo no futuro. o futuro agora é o show da maria bethania dia 4 de agosto.  um dos dias que ainda não foi, mas desde já, um dos mais lindos de 2023. esse mês, uma das metas, é imergir na obra da maria.   acho que eu deva escolher uns 4 álbuns, acho que é o suficiente. e ouvir no extremo repeat. (aceito recomendações de vossas sagradas senhorias) além disso, quero fazer as pazes comigo mesmo,  com a minha rotina , vida e cabeça.  quero organizar a minha mente, com o mesmo esmero e vontade que pus na reformação do meu quarto. mas, quero fazer progressivo. montar uma rotina com a fazeres, óbvio, mas não colocar nada utópico, que só venha a me trazer frustração depois. ir adicionando progressivamente.  pode parecer que não, mas tenho muitos a fazeres durante a semana. quem quer muito , como eu quero precisa fazer muito, estar muito, olhar muito, ver muito, comer muito, sentir muito.  e tudo isso demanda tempo e dinheiro.

depilação a laser é pecado?

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 Hoje, após a depilação a laser, a profissional pegou o espelho, a pomada e largou em minhas mãos, enquanto explicava as erupções que tinham acabado de surgir em meu rosto, por conta de alguma reação defensiva-imunológica da pele, quando essa sente que está sendo queimada. "Passa a pomadinha, que logo logo sai."  Apesar da incineração, a cada raio laser que meu rosto recebia, mais o meu sorriso aumentava. A felicidade de remover as presilhas masculinas, o pelo obsceno, a barba que roça, arrepia e dá calor. Ainda bem que tiro a minha. Sagradamente me autoflagelo, pelo pecado de gostar e de ser. Cumpro o meu papel. Fico liso, sensível, esperando os lasers, as dores e os arranhões. Pinicações presentes, que hora sinto do homem e hora da máquina. Sempre pensei, mas nunca disse: mais fácil seria se eles arrancassem no dente, pelo a pelo. Morte súbita de dor no meu céu de prazer. 

comunicado

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 acabei de abrir o twitter pra fugir de mim. quando me saltou um pensamento capaz de cortar os males pela raiz, fugi pro pássarinho azul. consumi umas besteiras, que me acalmaram, mas não retiraram de mim a nascente do rio que precisa seguir seu fluxo e acabar com as secas. fechei o twitter e cá estou, confrontando e sustentando. 1 (um) insight de que estou buscando paz, estou buscando quietude e não param os convites, as dívidas, as requisições. eu quero organizar. eu quero parar. e as pessoas parecem que estão contra isso. e a favor delas. quero vê-las. sauda-las, presentea-las. mas. não. agora. o ano novo começa, e criar metas é bonito, esperado, mas muito fácil de cair num campo ritualistico e não progredir pra'lém disso. quero por em prática. reavaliar o que estabeleci e quais seriam os caminhos, se os que eu to tomando estão me fazendo ir, ou dar voltas. não estou conseguindo fazer isso com esse tanto de obstáculos no caminho. se você me ama, me espere. Céu, uma vez disse: Sa

natal

 Hoje é dia 25, dia do falecimento do meu pai, e também o dia em que Jesus nasceu. Hoje também seria aniversário do meu pai, por conta disso seu nome era Jesus. não acredito que ele tenha vindo por meio de avisos de anjos, se foi desejado, acidente, ou só veio. Vi pouco da criatura e pra mim, não era um ser que estava interamente no aqui. Um fio solto no ar, que em algum momento de casualidade você tem a chance de ver. A passagem e principalmente a ida.  Via o carro do meu pai indo embora sempre, mas não pude ver esse mesmo sair de cena da sua vitalidade. Quando soube, já estava no hospital prestes a falecer, e faleceu. Como o de Nazaré, ele não ressucitou. Diferente do Cristo, ele não me passou um bom legado a ser seguido. Não me ensinou as coisas boas, nem as coisas certas. Mas sem dúvidas me ensinou a não transparecer meu descontento ao ouvir coisas como "dois homens até pode, o que não pode é ser escandaloso, querer se vestir de mulher, etc". Aprendi a engolir coisas impa

AMIGDALITE

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Mais uma vez, estou doente.  Minha garganta arranhada, doída como se tivesse algo não sei se placas, se facas,  Ou se o que a rasgou, foi o delicado e leitoso Que até então parecia inofense   Tudo começou no dia do jogo do Brasil, o primeiro, tendo vitória nossa com dois gols de Richarlisson e muitos estouros de pipoca. A pipoca, como o resto das coisas, é bonita, mas traiçoeira. Tem partes sensíveis ao tato, fofas e brancas. A porta de entrada pra qualquer buraco. Lembremos que até a mão que afaga é a mesma que bate. E tudo isso me surpreende; poder receber, a qualquer momento, um tapa, cair do cavalo que a tão pouco me permitia sentir o vento no rosto, ou ficar com uma casca presa na garganta arranhando e machucando, tudo sem aviso prévio. E você, humano, que lide com isso. Você estourou a pipoca com todas suas tecnologias, ondas magnéticas afogando milhos em um rio de progresso. Micro-ondas. Você não colheu o milho e muito mal colhe a pipoca pronta no balde, dando de mão nela e a mã

nicolas kauê freitas PEREIRA DECLARA APOIO ÀS PERAS - para que te queros.

  Acho que estou encontrando meu caminho de volta. É estranho dizer, mas a cada doença eu fico mais forte. Mais saudável, mais a par do meu pátio. Cada lesma cada bactéria que tem nesse solo, uma hora esmaecem e viram adubo. Falei com a minha tia, sinto que ela não ama o marido. Ama o jogo, mas não ama o marido. Encena sem nem saber, me pergunto se ela se aproxima mais de uma Marília Pera ou de uma Pera, apenas. Marionete da fome de um outro. Pelos relatos que me conta, ela só se sente uma quando o seu homem está com fome, e pensa em com ela fazer uma torta de pera, uma chimia, aplicar transgênicos e de verde, a fazer rosa.  Eu não, penso diferente. Tento fazê-la enxergar que antes de cair do pomar nas mãos dele, era vida e vivia. Que com ele ou sem ele, o sabor sempre vai restar dentro. E que sendo homem, pouco sabe fazer quando se de.para com uma pera. Por mais que saiba as variações, pouco sabe das receitas. Não o vejo com a mão na massa, mas o vejo polvilhando decepções.  Ele é fra

M Ateu

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 Ele me disse que era ateu mesmo me tendo ao seu lado se benzido em meu peito e sido ungido em meus braços Mesmo sendo ateu ele fodeu valendo a vida se morresse era nada se vivesse eu convertia E assim foi feita sua vontade de joelhos até tarde de baixo eu o mirava e de mãos juntas implorava pra não errar  a mira Sacro o amor Sacro o saco Hóstia que como bom cristão Mantenho Corpo do homem Que eu gosto assim, meio Hostil

a exploração vai durar quanto tempo?

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 As meninas do trabalho disseram que hoje deu vontade de pedir pra sair, de se jogar pela janela. Trabalhar às vezes não é tão legal. Talvez essa seja a regra, e não a exceção. Em uma semana, onde eu acho que o descanso é prioridade, eu também, não posso descansar. Sou só um, como haveria de estar em dois lugares; sendo explorado, e na minha cama? A única exploração deitado que vi, foi quando ele, com suas mãos brancas, levou a palavra pro seu outro significado e desbravou o meu corpo tão originário e étnico.  Vejo o mundo do trabalho como ele é. Cruel e vil. Não há bom senhor. Ao longo do dia tive alguns pensamentos maldosos. Sei que não sou eles, mas pra alguns dei espaço o suficiente para se tornarem da minha altura, peso e cor. tanto que num confronto de ideias só houve                                                                                                                                              reconhecimento. O tempo é relativo, né? Tão relativo que o moldo a minha c

amo os meios

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   Eu gosto de coisas litúrgicas. Eu gosto de ser só sentimento. De em um dia seco, me sentir como vento. E assim, de vento em polpa, eu vou fazendo tudo na medida do possível. Eterno mediano. Eu às vezes tenho medo; me assusta a dependência. Depender da minha mãe deu certo, ela se apartar de mim é que foi errrado. Mas ainda assim, eu dei certo. Eu acho.   O vento vai levando, enquanto eu digiro a polpa. Agora, fico com o Bel. Beijo ele, abraço ele e a confusão - me casei com ela antes mesmo de sentir o expirar dele alimentando o meu respiro, os meus pulmões! "Respirar é tudo o que preciso" um dia eu disse, num texto, pouquíssimo antes de cair em lágrimas e discordar profundamente do dito.    Estou comendo muito pão e minha amiga não me procurou mais. Talvez tenha voltado com o namorado. Saudades de rir até doer a barriga, com minhas já antigas tias, que tendo vivido uma vida, têm muitos motivos pra rir. Tia Ida e Marli.   Não sei se a realidade é uma mentira. Se for, eu quer

Preciso desenformar

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 Saudade de quando escrevia sobre meninos. Hoje escrevo sobre azeites, pilates e agora, que fiz um bolo. Amanhã minha tia favorita chega a Porto Alegre e queria recebe-la com carinho, então escolhi maçã com canela. Em cada batida na massa, três no coração. Essas são as minhas medidas, quando o assunto é amor: desmedidas. A partilha em mim começa no amor, porque na falta de uma mãe, ou de um pai a gente tem que amar tudo que há no caminho.  Hoje encontrei a Duda no ônibus, Duda é filha da Preta; e tem cabelo rosa. Quando ela entrou no ônibus, o cinza de Porto Alegre que dominava toda a minha visão e girava 20 vezes ao redor do meu globo ocular, levou um pau. Graças a D uda. A minha memória é fraca, quando se trata de história global, pois tanto acontece na minha simples vida, imagine ao redor do globo. Mas ver a Duda me faz acreditar que o muro de Berlim, que era cinza, deve ter caído após diversas marretadas rosas. Pelo menos o meu caiu. Ela me falou sobre seus planos pra "zarpar&

12.10

   Hoje foi a primeira vez que comprei um azeite de oliva, também foi a primeira vez que enviei um e-mail pra alguém. Sinto um amor muito grande dentro de mim, uma felicidade enorme, me sinto como quem abraça uma criança. Vivo.     Talvez é porque fui na academia, e liberei endorfina. Talvez é porque passei meu perfume favorito e o aroma de tempo em tempo me relembra do porque a vida é boa de se viver, ou cheirar. Não sei, mas sei que tem beleza no ordinário.  Não sei se fiz algo esplêndido hoje. É como se eu tivesse uma língua gigante, e eu estivesse me lambendo. É COMO SE EU fosse um gato, lentamente tomando banho, calmamente se limpando, textura da língua tocando textura do pelo e tudo é tão fofo e carinhoso. Sujeira que vai pra onde? Sabe-se lá Deus. A curiosidade da criança morre um pouco no poeta adulto, que ao invés de questionar aprecia, se enamora. E se diverte. A criança também, mas se diverte dessa maneira conflitante, criança é conflito. Eles vão dentro e cruzam portais sem

ALERTA VERMELHO

Quem por aí me vê, deve se espantar com a forma que incendeio. Quem por aí me vê, com certeza se cativa em olhar fundo a chama acesa que não para. E com certeza se pergunta, se remexe e se indaga, pois o calor movimenta. Portanto venho lhes contar o que me pôs a ser fogo. Assim queimo, pois assim sei queimar. Porque dentro do abraço da minha vó, agarrei forte o calor e nunca mais "sube" ser outra coisa. Eu queimo, porque vivo no meio das chamas e porque há 500 anos o meu país quer me ver queimar. Quer me ver ficar mais preto do que já sou à la Genivaldo. Só que eu tenho ficado mais preto do que já sou me banhando em cor. Na cor de Sueli Carneiro, cor de Djamilla, da Joice Berth, Mano Brown e do Emicida. E eu sei que por isso, eles querem que eu queime ainda mais. E eu tenho queimado. Meus átomo descontrolado, é tudo a olho nu, o natural estado controlado pelo meu lado mais contido e organizado, pra me manter indo pra frente e tomar estados. Com a. minha. mente. em. chamas. Ju

Quando o tempo for propício

   O que é a cor? Não sei e desde ontem venho pensado. Sem fugas filosóficas ou poéticas, não me permito. Mas também distante de qualquer definição científica, que cite refração e outras meia dúzias de coisas que não aprendi na escola por ter prestado mais atenção ao belo nariz do meu professor do ensino médio. Há um dia, a cor, ou as cores, me intrigam.    Se uma criança perguntasse agora a mim, o que é uma cor, eu não saberia responder. E as crianças são curiosas. Elas podem perguntar, a qualquer momento. Tenho uma sobrinha que cresce a cada respiração minha, que a cada piscar ganha novos cascos e novas indagações e fica mais velha. Não posso falhar com ela, mais do que já venho falhado sendo omisso. Um tio distante. Nem no lugar de tio rico, que se omite pela fartura da vida, nem no lugar do tio irresponsável, que se omite simplesmente por não dar mero pra flor que brota ao seu redor. Sublime crescer. Sou o tio que luta, o tio que nada e se afoga, que vê os corais, mas busca a peque

Iceberg

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  Decidi que quero parar no tempo. Mesmo sabendo que ele não para. Pr’além disso, extremamente consciente de que ele não para. Sinto as mãos grandes, grossas e ásperas me empurrando para a frente… Eu, sendo sempre empurrado em direção ao agora.  Não sei em que momento parei de olhar pela janela desse carro em movimento modelo vida, contemplando a paisagem, e com a mente lúdica, desenhado no vidro embaçado. Mas em algum momento parei. 24 horas são pouco pra assimilar as 24 mil informações que o cérebro (não) recebe. De relance, quando penso no que gosto e no que odeio, não encontro corpo. Encontro partes. A vida e os seus charmes se encontram numa tela de rolagem infinita, onde o meu dedo é vilão. Ainda assim, me sinto mocinho.  Resolvi parar o dedo. Congelar o dedo. Petrificar o dedo. Quero mergulhar em mim pra me desafogar do sistema. Ir até o chuí desse iceberg chamado eu, que EU pareço conhecer só a ponta. Eu quero decorar aquele monólogo que amo. Ouvir cada vibração daquele álbum.

Meu testamento

Caros amigos e familiares, Hoje, dia 14 de julho de dois mil e vinte dois, tive um grande pensamento durante o banho. Mais um, entre tantos que ao longo dos meus 18 anos vieram, nesse momento especial, de acachapante clareza – a ducha. Um momento onde a água, cientificamente tida como condutora de energia, dança pelo corpo, levando as energias conflitantes e alinhando as que se desencontram. Parece-me que o universo beneficia os limpos. E fui beneficiado! Tudo começou quando olhei pro meu chinelo da havaianas, branco com a bandeirinha do Brasil, e pensei: que dádiva, que design especial, que alegria para nós brasileiros é esse chinelo. Tá que é um país escravagista, politicamente falido, cansativo e patriarcal. Mas a gente tem a havaianas branca com a bandeirinha do brasil... Quem precisa de democracia? Enfim, de volta ao que contava, após olhar pra ela eu pensei “isso é não é apenas uma chinela, é uma peça”. Uma parte crucial de mim, o máximo símbolo da minha nacionalidade e ident

Por hoje não é só

E que estranheza é essa, de sentir que algo não foi falado? De sentir que não me disseram tudo e que preciso ouvir mais um pouco. De que por hoje não é só. Talvez hoje seja só mais um dia onde uma palavra de carinho cairia bem. Vi uma conhecida, relatando que a maior saudade que ela tinha em relação a mãe ser da sua preocupação para com ela. Até nisso somos egoístas. Queremos o outro para que nos sintamos bem. Ou talvez a gente o queira pra não ter que pensar esse tipo de coisa, deixar qualquer problema fora do fundo do poço do abraço e do corpo onde queríamos restar. Precisamos de nós mesmos, eu me digo. A única coisa que preciso é do ar, comida e sono. Eu, de novo, me digo. Mas em algum espaço apertado, entre essas coisas tão rígidas tem que caber o abraço. Tem que caber o beijo molhado na bochecha e tem que caber a dor. A dor por não ter nada disso, e puder usar dessa água, que é necessária pra vida, como transposição de um sentimento que já inunda lá dentro. Uma semana, onde seis

Os homens me cansam

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    Essa frase sempre surge como o enfim sobressalto do estresse. Cansam sim e como cansam, mas cabe aqui falar o porque me cansam. Embora eu, se assim quisesse, podia apenas soltar essa frase e sair por aí, divagando. Muito já teria feito. Cansam tanto que enquanto escrevia, vi mais uma situação envolvendo um homem que se mostrara um saco no pé. Depois de observá-lo atormentar uma pobre e cansada moça que chegara se cruzar toda, braços, pernas, pra tentar se fechar a intromissão. Não funcionou. O que funciona com eles? O que funciona neles? Com suas opiniões de homem, suas certezas e seus conhecimentos (tudo aqui de homem) ia fazendo a mulher murchar mais do que já estava murcha. O mundo é ela. Assistir a essa situação me esbagulhou, eu que já estava com tendência a virar bagulho por conta de outro homem. Explicar-vos-ei agora, o que se deu. Falo no passado, mas a ele esse tipo de acontecimento não pertence. Pelo menos na minha pequena experiência de existência, não pertence. Pertence

Noêmia

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Da pele morena e dos cabelos longos, mestiça Filha do interior princesa do jacuí Até os 11 nem documentos tinha, foi renegada pelo pai Mãe Aos 22 tinha sido casada, já separada  Empregada e cuidava de filho de patrãozinho  Azulão de manchas nas roupas e terra nos dedos Pés e braços viscerais, definidos pelo trabalho Ao estudar voltou, Voltou sua força para a educação  Ignorante fez se a vida com ela, mas não menos sábia De burro fez se os homens  E ela lá continuou Sentada no mato com um chimarrão vendo a vida de repente se tornar efêmera Depois de tão longa e cortante  O nome dela era Noêmia.                                                                                                              Alice Diaz                                                                                          

Companhia

 É tão estranho estar num lugar instável. É muito estranho não saber o que esperar a cada abrir de boca. A quebra de expectativa que vem com a reação de cada ato, o tato que é ardiloso e engraxento, como fundo de lago. Barroso e escuro, é assim que vejo o futuro ao teu lado, ou perto de ti. Talvez eu até me esforce, cerre os olhos e tente enxergar o que o amanhã nos reserva, mas eu falho, porque sou humano e, ao teu lado é humanamente impossível pressentir algo, quanto mais o futuro. Contigo eu vivo no escuro e é tudo assim, a queima roupa. Pena não ser morcego, pr’além de enxergar no escuro eu poderia bater asas, pra longe, na noite com a lua minguante, até eu ver o raiar do dia. A luz natural, sem ser a que brilha quando a pólvora sai num arrombo de vida. De ti. Nika Pereira                                                                                                     

01:10

É quando o inesperado surge, vindo como brisa leve em um dia quente, levantando saias e balançando cabelos, que somos felizes. Foi assim que fui feliz. Quando não esperava nada. Ele não me deixou afundar em minhas expectativas, pois eu não as tive tempo de criar. Quando vi, já tinha se dado. Vi e como vi. Os olhos que iam se cerrando a cada ascender de um sorriso malicioso. A risada breve que era solta a cada vez que atingíamos o clímax do enfrentamento. Sim, enfrentamento. Já está tarde, ele dizia, preciso ir, amanhã tenho uma prova cedo da manhã. Eu não deixaria o mel escorrer pelas bordas. Montei uma teia de falácias desesperadas, travestidas de argumentos e com uma grande cara de pau que o momento exigia, disse-o que quanto pior chegasse na prova, melhor resultado teria. Que o estudo deveria ser acompanhado do prazer, e portanto eu o queria relaxado. Para o teste. Ele, mesmo sabendo que nada disso se sustentava, ouvia, atentamente, o que eu tivera pra falar. Atenção essa que me dei