Os homens me cansam

    Essa frase sempre surge como o enfim sobressalto do estresse. Cansam sim e como cansam, mas cabe aqui falar o porque me cansam. Embora eu, se assim quisesse, podia apenas soltar essa frase e sair por aí, divagando. Muito já teria feito. Cansam tanto que enquanto escrevia, vi mais uma situação envolvendo um homem que se mostrara um saco no pé. Depois de observá-lo atormentar uma pobre e cansada moça que chegara se cruzar toda, braços, pernas, pra tentar se fechar a intromissão. Não funcionou. O que funciona com eles? O que funciona neles? Com suas opiniões de homem, suas certezas e seus conhecimentos (tudo aqui de homem) ia fazendo a mulher murchar mais do que já estava murcha. O mundo é ela. Assistir a essa situação me esbagulhou, eu que já estava com tendência a virar bagulho por conta de outro homem. Explicar-vos-ei agora, o que se deu. Falo no passado, mas a ele esse tipo de acontecimento não pertence. Pelo menos na minha pequena experiência de existência, não pertence. Pertence à passado, presente e se Deus quiser a ausência no futuro. O homem que me cansa, sou eu. Sim, eu. Não eu de todo eu. Falo do meu eu leve, bobo e distraído. Do meu eu adolescente, inexperiente na vida e no amor, que ao primeiro olhar não usual, ou até mesmo aos usuais, acende o corpo e perde a lucidez. É que sou apaixonado por olhares e neles gosto de sentar e dar uma boa lagarteada, embora que quando os vejo, rápido bato a porta e dou suspiros nela encostado, me derretendo até ser mais um com o chão. Quem controla o jeito com que me movo, como mecho a cabeça, como levo uma garrafa de água a boca, já não é mais eu. É alguém que acredita que por conta de um olhar o mundo inteiro pode se transformar, assim, fácil. Flerte vagabundo. Vagabundo é quem flerta. Romantizam o flertar, os apaixonados vagabundos, mas não lembram que no flertar jaz a melancolia e a angústia. E é isso que isto é, uma ode aos apaixonados. Ode(o) aos apaixonados.

Nika Pereira