Quando o tempo for propício

   O que é a cor? Não sei e desde ontem venho pensado. Sem fugas filosóficas ou poéticas, não me permito. Mas também distante de qualquer definição científica, que cite refração e outras meia dúzias de coisas que não aprendi na escola por ter prestado mais atenção ao belo nariz do meu professor do ensino médio. Há um dia, a cor, ou as cores, me intrigam. 

  Se uma criança perguntasse agora a mim, o que é uma cor, eu não saberia responder. E as crianças são curiosas. Elas podem perguntar, a qualquer momento. Tenho uma sobrinha que cresce a cada respiração minha, que a cada piscar ganha novos cascos e novas indagações e fica mais velha. Não posso falhar com ela, mais do que já venho falhado sendo omisso. Um tio distante. Nem no lugar de tio rico, que se omite pela fartura da vida, nem no lugar do tio irresponsável, que se omite simplesmente por não dar mero pra flor que brota ao seu redor. Sublime crescer. Sou o tio que luta, o tio que nada e se afoga, que vê os corais, mas busca a pequena sereia, a pequena Maitê, minha linda sobrinha. 

  Um dia eu vou falar pra ela o que é cor e ela vai amar saber, ou, por alguns instantes, vai parar de brincar pra prestar atenção no que o tio diz, e após ter ouvido por obrigação-educação-hipnose ela vai voltar a brincar, como se nada e eu, vou poder tirar a cor de dentro e espalhar no mar, no ar e no tempo. 

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