natal

 Hoje é dia 25, dia do falecimento do meu pai, e também o dia em que Jesus nasceu. Hoje também seria aniversário do meu pai, por conta disso seu nome era Jesus. não acredito que ele tenha vindo por meio de avisos de anjos, se foi desejado, acidente, ou só veio. Vi pouco da criatura e pra mim, não era um ser que estava interamente no aqui. Um fio solto no ar, que em algum momento de casualidade você tem a chance de ver. A passagem e principalmente a ida. 

Via o carro do meu pai indo embora sempre, mas não pude ver esse mesmo sair de cena da sua vitalidade. Quando soube, já estava no hospital prestes a falecer, e faleceu.

Como o de Nazaré, ele não ressucitou. Diferente do Cristo, ele não me passou um bom legado a ser seguido. Não me ensinou as coisas boas, nem as coisas certas. Mas sem dúvidas me ensinou a não transparecer meu descontento ao ouvir coisas como "dois homens até pode, o que não pode é ser escandaloso, querer se vestir de mulher, etc". Aprendi a engolir coisas impalatáveis na sua presença. Na presença dele, eu engolia as faltas. E hajia como se não estivesse ali, apresentando um imparável refluxo. Tinha todo o necessário dentro de mim para vomitar em seu rosto, o meu Ph ácido, mas nunca o fiz. Precisava ganhar o tênis que ele se propunha a dar, uma vez ao ano, para conseguir andar sobre os cacos de vidro que a ausência dele criava. 


Comentários

  1. quanto mais eu sei de ti, mais te amo. é uma delícia não saber um nada até que um dia eu ache que saiba um algo porque tu me conta. ai como é bom teu faz-de-conta, sinto que falta expressão no meu rosto que mostre quão dentro eu to pelo ouvido, é que sempre me pega de surpresa. esse aqui e o amigdalite fechariam capítulo numa leitura obrigatória de brasil. se é que eu sei de ti, te amo.

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