Por hoje não é só
E que estranheza é essa, de sentir que algo não foi falado? De sentir que não me disseram tudo e que preciso ouvir mais um pouco. De que por hoje não é só. Talvez hoje seja só mais um dia onde uma palavra de carinho cairia bem. Vi uma conhecida, relatando que a maior saudade que ela tinha em relação a mãe ser da sua preocupação para com ela. Até nisso somos egoístas. Queremos o outro para que nos sintamos bem. Ou talvez a gente o queira pra não ter que pensar esse tipo de coisa, deixar qualquer problema fora do fundo do poço do abraço e do corpo onde queríamos restar.
Precisamos de nós mesmos, eu me digo. A única coisa que
preciso é do ar, comida e sono. Eu, de novo, me digo. Mas em algum espaço
apertado, entre essas coisas tão rígidas tem que caber o abraço. Tem que caber
o beijo molhado na bochecha e tem que caber a dor. A dor por não ter nada
disso, e puder usar dessa água, que é necessária pra vida, como transposição de
um sentimento que já inunda lá dentro. Uma semana, onde seis dias me hidrato e
em um seco. Pois sou vida e sou cíclico, assim como a saudade que nunca deixa
de doer, ou, pelo menos até hoje não deixou. Saudade essa que faz parte de um
ciclo onde também estão minhas memórias, que volta e meia me lembram quem sou e
de que barro foram formadas minhas costelas. A maciez da mão que molda, a
maciez da mãe que afaga. São 7 fadas, uma mais feliz que a outra, quando nesse
amor encontram casa.
Nika Pereira
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